quinta-feira, março 24, 2011

O dia em que a sorte mudou...






Ele esperou, mais do que acreditava ser capaz. Foi verdadeiro, intenso.
Ela não acreditava no amor. Desdenhava. Não acreditava em relacionamentos duradouros e não temia dizer isso.
Ele duvidou. Dizia pra si mesmo, todas as vezes que se beijavam ou riam juntos, que estava conseguindo fazê-la ver. Cada gentileza, cada gesto de carinho, dava a ele mais e mais esperança.
Ela tinha ele e não percebia. Ele não tinha nada e acreditava. Ela pensava em aproveitar os momentos ao lado dele. Ele pensava em construir sonhos junto com os dela.
Nem um dos dois fingiu. Eles foram reais durante todo o tempo. Sinceros.
Ele fez de tudo. Ela dizia que era demais, desnecessário. Ele não ouvia. Tentava.
Ela foi embora, como havia dito tantas vezes que faria, seguiu o seu caminho.
Sem remorsos.
O mundo dele acabou, ela era a sua primavera, o que aos olhos dele havia de mais lindo e agradável, tudo que ele sempre quisera ou acreditava querer mais que todo o resto.
Aparentemente, irrecuperável. Não saia mais de casa, não se divertia. Não vivia.
Mas, o tempo passou. Como sempre passa.
Ele se recompôs. Levantou-se. Foi tentar fazer algo que ele já não fazia desde que ela fora embora.
Viver.
E conseguiu, mudou de cidade, de emprego. Mudou o cabelo, a marca do cigarro. Mudou, como nunca fizera. Não por ela, que já não era mais o foco de sua vida.
Mudou por ele. Mudou o que deveria ter mudado desde sempre. Mudou, não o que sustentava todo o seu ser. Mudou o que lhe derrubava, o que lhe fazia mal nele mesmo. O excesso de auto-crítica. A falta de fé em si mesmo.
Mudou, simplesmente.
Botou um sorriso na cara, cheio de confiança.
Esqueceu o medo de encontrar outro alguém. O medo de se apaixonar. Saiu da defensiva. E foi fazer o que ele fazia melhor, independente de tudo.
Amar.
E deu certo, era chegada a hora do verão, estação que lhe pareceu mais agradável do que a anterior. Que lhe fez bem, lhe reconfortou. Que lhe sorria durante cada abraço. Durante cada beijo.
Estação que não duvidou, nem por um segundo do amor que havia entre eles e, mais do que tudo, que lhe mostrou, que o amor existe e pode, sim, ser compartilhado. Com falhas ou momentos ruins.
Mostrou que o brilho do sol pode ser mais admirável do que o cheiro das flores.
Estação que também teve um fim, mas que deixou com ele vestígios de lembranças melhores.
Agora ele sabe, desde aquela estação, que o amor se transforma, assim como as pessoas que amam. Ele muda, sem pedir permissão. Como as estações. E isso assusta.
Mas mudança nunca foi sinônimo de fim.
E finais nunca impediram recomeços.
Hoje ele diz,  que será um amante eterno, que amar lhe faz querer viver.
Independente do tipo de amor. Ou de todo o resto.
Sem medos ou hesitações.





Apenas uma outra nota:





Não tenho medo do futuro. Desejo-o.
O desconhecido me instiga. Um tiro ao alvo. Um giro de roleta.
E lá estou eu, correndo ao encontro de mudanças. Pequenas. Grandes. Impactantes ou não. Respiro-as.
Quero sempre mais. Quero ver acontecendo. Quero, principalmente, acontecer.
Guardo em memória só lições e boas lembranças.
E vou vivendo assim, do meu jeito e com minhas próprias regras.
Aproveitando o agora, mas pensando sempre no dia de amanhã.
Viver um dia de cada vez? Qual o propósito?
Posso viver dois, três. Viver semanas, meses ou anos em poucos minutos.
Vou e volto. Futuro. Presente.
Sigo em frente sem olhar para trás. Digo adeus sem perder a pose, sem gaguejar.
Não tenho medo do futuro. O desconhecido me instiga. Respiro mudança, inconstância, curiosidade.
Tenho necessidade de ver a roda girando. Viver vivendo.
Sem receios. Sempre com pressa.




domingo, março 06, 2011

Arrastando memórias pelo corredor





Ela pensa um milhão de vezes em um milhão de coisas. Revive tudo em alguns segundos. Anda pelo quarto sem parar, abraça um travesseiro, joga longe o outro, encosta na parede, desliza até o chão. Tem em mãos aquelas coisas cheias de lembranças e significados; ora os detesta, ora os ama. Nostálgico. Lembra de cada palavra dita, cada gesto, lembra dos cheiros, dos aspectos e até dos gostos. De qualquer momento.
E só então ela levanta, decidida. Arrasta as memórias pelo corredor. Guarda tudo em uma caixinha. Um lugar ousado, a esconde de si mesma. Um sorriso se abre em seus lábios, reflete em seus olhos. Ela sabe que é hora de deixar tudo para trás. Coloca a música que tanto gosta para tocar, dança sozinha até anoitecer. Um sentimento, algo estranho, engraçado. Ri sozinha, mas não demora muito para entender o que é.
Alívio, pensa.
Há quanto tempo não sentia isso? Os últimos dias haviam passado pesarosos para ela, mas haviam passado e era só isso que lhe importava. No outro dia, enquanto se penteava, sabia que há muito não se sentia daquele jeito, feliz. Há muito as manhãs, não tinham mais aquele gostinho de Natal, como sempre tivera. Há muito, ela não era ela.E sabia ser a única culpada. Isso a estava consumindo tanto. Tudo havia convergido àquele ponto, porque ela deixara. Afinal, as escolhas foram sempre dela.
Enfim. Passado.
Agora, só precisa de si mesma, porque, afinal, ser quem é lhe reconforta. Ser por ela lhe reconforta. Tomou as rédeas da própria vida. E faz acontecer.
Um dia de cada vez, sem pré-ocupações. Ela é só agora e nada mais.O que virá não lhe assusta. E, o que foi, ela pretende deixar enterrado em algum lugar daquele corredor. Diz que daqueles dias ruins, não sente saudades, no entanto, aprendeu muito, não teme mais o escuro. Faz tudo o que quer, o que lhe faz bem. Diz um milhão de coisas, para um milhão de curiosos. Só a veem gargalhando e se divertindo. Lhe fazem um milhão de perguntas, que ela não responde.
Só o que sabem, é que ela não vai mudar, não dessa vez. 




quarta-feira, março 02, 2011

Carrying on.





Depois que eu aceitei ter só o que me convém, o que é o melhor para mim. Depois que eu deixei o que não é, se acabar ou ir embora. As coisas tornaram-se mais fáceis.
    Mais leves.
Quando nada parecia certo, me dei conta de que já estava na hora de mudar, seguir em frente. Tentar esquecer. Nesse pouco tempo, entendi que algumas coisas não dão certo, mas que ninguém morre por isso. Enquanto a gente cresce, a gente erra, leva na cara, se decepciona. São momentos ruins e assim como os bons momentos...
    Uma hora eles acabam.
Ninguém escolhe passar por isso. Porém, é de cada um, a escolha de como lidar com isso. Eu escolhi me sentir bem, apesar de tudo. Guardar só o que foi bom e verdadeiro.
    Ou o que eu penso que tenha sido.
Acredito que, independente de qualquer coisa, não há motivos para sofrer ou, menos ainda, ficar imaginando: "E se... Como seria?". Reviver o passado, ficar lembrando, nunca levou a nada. E, quer saber, o que fiz, faria tudo de novo. Porque isso só me fez crescer, aprender.
    E mudar a mim mesma.
Decidi aproveitar o que tenho em mãos. Todos os dias e a cada minuto. Fazer do agora algo bem melhor do que o antes. Parar de esperar muito das pessoas, para que não hajam surpresas. Decidi arregaçar as mangas e ir atrás dos meus sonhos, ao invés de pegar carona nos dos outros.
    Fazer por mim, o que me faz melhor.