quinta-feira, novembro 17, 2011

"Do muito e do pouco"



Ah! Como eu detesto esses sentimentos pobres que falseiam desejar intensidade. Essa tepidez monótona e acinzentada dos atos. Nem à terra, nem ao mar. Sou, sim, do muito ou do pouco. E é isso que eu admiro, é essa leveza dos espírito que se permitem, completamente, quando é mais fácil ser do que fingir estar. E do doce desafinar da voz cálida ao cantar, com quanta verdade, aquela nota perdida no meio da composição. Ah! Mas como eu amo isso de ler a vida contada em palavras que perturbam, que expressam. E a sensibilidade dos que respiram arte, qualquer que seja ela. É! Esses, sim, são os que mexem comigo, toda essa intensidade real; isso de pôr sobre a tela, sobre o papel ou em um dedilhar de cordas, uma ínfima parte do que povoa sua essência. Lendo emoções e reconhecendo almas... E quer saber? Também admiro! Admiro essa vivência confusa dos corações atrevidos, que liberam com audácia o que corações fracos insistem em esconder. Ou aquele voz que pacientemente cala, quando o grito de outras torna-se caótico. Vou do sentimentos intensos à indiferença total. Acho o meio-termo enfadonho. Gosto dos gritos que se sobrepõe e dos silêncios que exprimem, mas nunca do farfalhar medíocre dos discursos vazios. Entretanto, se estivermos falando sobre viver, ah, meu caro, aí eu tenho que ceder: viver, não sei para você, mas para mim nunca é muito ou pouco. É sempre pouco. E é por isso, que meu último pensamento, toda noite antes de adormecer, soa como uma pequena oração: amanhã eu quero mais!