segunda-feira, fevereiro 28, 2011

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Incompatibilidades




Ele vive os meios-termos. Ela, vive nos extremos. Ele quer o fácil. Ela quer o mundo. Ela se joga quando acredita. Ele hesita, sempre com medo. Eles têm planos, muito diferentes.
Ele pensa no agora, mas vive em cima do muro. Ela, pensa no futuro e sabe bem o que quer.
Ele tinha dúvidas desde o começo. Ela, nunca gostou de indecisão.
Ele não percebeu, deixou estar. Ela foi criando coragem, cada vez mais.
Ela vivia dizendo "Ainda vou embora". Ele duvidava, todas as vezes. Não conhecia mesmo aquela garota, já estava decidida desde a primeira vez. 
Ela havia cansado, não gaguejou no adeus. Ele percebeu, já era tarde.
Cada um para o seu lado, foi como acabou.




quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Ponto Crítico




Lá estava ela, a vida real, espreitando seus recém feitos 17 anos, como quem diz:
"Vamos lá garota, é hora do show"
E a garota entendeu, era hora de agir, não era mais uma menininha. Tinha que fazer acontecer. Restava-lhe pouco tempo até que as cortinas se abrissem. Ela teria que estar preparada, tinha uma entrada triunfal a fazer e o resto da apresentação para conduzir; naquela peça, cada um era seu próprio diretor e ninguém sabia com quem estava prestes a atuar.
Mas, por enquanto, o palco era só dela. Inúmeras decisões a tomar. Quanto tempo teria para mostrar seu potencial? Quem seriam os personagens principais ou ainda, qual personagem ela seria?
Ela fazia parte de um grande improviso. E isso lhe causava receio, excitação. Afinal, ela nem ao menos tinha o script, não tinha ideia dos diálogos que travaria. Ela e os espectadores, pensou. Ela contra o mundo. Não tinha ideia de quantas seriam as cenas e atos dos quais faria parte.
Quanto até o Gran Finale?
Ela sentia os olhos ansiosos por trás das cortinas, os ouvidos atentos. Sua respiração estava entrecortada.
Ouviu seu nome ser chamado, aplausos eufóricos encheram o local. Lentamente, a cortina se abriu. Ela estava em foco. Ergueu a cabeça com um único pensamento em mente:
"E que comece o show!"




terça-feira, fevereiro 22, 2011

Quando foi que isso tudo começou a desmoronar?




Acho que foi naquele domingo à noite, sentados na varanda. O lugar cheirava a outono. Nós ouvíamos a chuva cair enquanto você tocava aquele meu violão velho e desgastado. Falávamos sobre a gente e contávamos nossas histórias. Não percebíamos, porém, que isso aos poucos nos afastava, nos tornava estranhos para o outro. Aquele garoto, que eu acreditava amar tanto, falando de antigas relações e aquela garota, que ria das suas bobagens, tentando esconder o ciúme. Quem eram eles?
Naquela noite havíamos ignorado o limite entre as coisas que devem ou não ser ditas. Nos esquecemos que alguns pensamentos devem ser calados, trancados a sete chaves. Éramos demasiadamente sinceros para isso. E, no entanto, suficientemente orgulhosos para não admitir o necessário.
E, apesar de todas as palavras ditas, agora sinto-me à deriva.
 Porque, têm certas coisas sobre nós que ainda não entendo.
Têm certas coisas sobre nós que me fazem falta.
O que aconteceu com as promessas e os planos pro futuro?
Onde foi que nós deixamos de ser nós para ser um e outro.
Àquela mesma hora, enquanto você lia meus pequenos gestos e sorrisos. Enquanto eu tentava sustentar seu olhar, minha mente era só circunstâncias, só receios. Os minutos passaram com pesar depois que você foi embora. Passaram incertos, titubeando. Eu tinha mais do que medo em mente, eu tinha mais do que momentos ruins para analisar. Tinha o que foi bom, o que valeu a pena. Tinha o que foi certo, os desejos.
Aqueles segundos passageiros de certeza.
No entanto, no outro dia, quando você apareceu no fim da tarde. Nosso tempo já tinha acabado. Já era tarde demais. Eu devia ter notado. Nos olhamos com arrependimento e dor. Mas, não fizemos nada, deixei passar. Deixei você se despedir para sempre. Dar adeus. E quando me lembro daquele fim de dia, daqueles poucos momentos juntos, aquele seu sorriso triste me incomoda, me invade. A imagem de você correndo sobre a chuva se repete. E, então, só o que sinto é o gosto do nosso último beijo.
Gosto de dúvida.




segunda-feira, fevereiro 21, 2011

De todas aquelas coisas que não foram feitas...







Ele tinha oito anos novamente. Estava em cima da ponte dobrando o terceiro barquinho de papel. Os outros dois, que já estavam muito longe, refletiam o pôr-do-sol. Ele se imaginava dentro de um daqueles barcos que, de repente, tornava-se grande e, ao lado, podia ver uma mochila azul, cheia de biscoitos e provisões que durariam para uma vida. Então ele remava, era um explorador. Guardava o mundo dentro do bolso cheio de cores, contornos e amassados, o papel tinha cheiro de chicletes e a cor lembrava o charuto do avô que ele admirava tanto e que, todos os dias, contava histórias ao garoto. O menino, então, dizia que seria um historiador, viajaria o mundo do sul ao norte e não pararia até que estivesse velho demais para continuar.
Agora, sentado em frente à prateleira do seu quarto, enquanto abria aquele mapa tão cheio de lembranças e manchas amareladas, passou uma das mãos, enrugadas e trêmulas, pelos cabelos já brancos e lembrou-se dos dias, em que no colo do avô, conhecia lugares e ouvia histórias. Lembrou-se dos seus sonhos e do dia em que começou a guardá-los naquela gaveta, naquela mesma gaveta de onde, há pouco, havia tirado aquele pequeno mapa.
Sentiu-se covarde, fraco. Sentiu como se, realmente, tivesse tido o mundo nas mãos e deixado ele escapar. O pouco que tinha construído já se fora. Restava-lhe apenas decepção, fuga e um olhar cinzento desejoso de trazer o passado para mais perto.
Foi até o armário, abriu uma caixa e tirou de dentro os sapatos pretos que comprara para o casamento do seu único filho, cinco anos antes, e que usara somente naquela ocasião.
Em seguida, vestiu o terno azul marinho, todo desbotado, guardou seu mundinho no paletó, beijou, delicadamente, o rosto de sua mulher, que ainda dormia; abriu a porta da velha casa de madeira e seguiu, determinadamente, para o antigo porto da cidade.
Era cedo, as lojas estavam fechadas. A cidade ainda dormia. Sentia náuseas, mas não parou. "Até que estivesse velho demais para continuar, pensou."
No porto, ao longe, alguns homens já atracavam seus barcos.
O velho então, retirou do bolso seu maior sonho, dobrou-o como quando era criança, sentou-se na beira do cais, e inclinou-se até conseguir tocar na água; olhou, demoradamente, para o barquinho e o pôs no mar.
Então, com um sorriso amargo, ficou observando aquela parte da sua vida refletir o amanhecer, se afastar, ir embora levada pelo vento para, no fim, ser devorada pelas ondas.
Imagens. Nostalgia.
Todas as escolhas que fizera o tinham levado àquele lugar, àquelas situações. Ele tinha mudado todos os seus grandes planos, eles haviam se tornado comuns e até tristes; decidira pelo que parecia menos duvidoso, mas e daí? O que tinha feito para realizar os seus desejos de menino. O que lhe fizera mudar de ideia? Mudara de ideia?
Mas, era tarde demais.
Havia arrependimentos, doía lembrar.
Sentiu algo escorrer pela sua face, chuva e lágrimas.
Que fim levara sua vida?
Agora, era apenas um velho sem histórias para contar. Mais um dentre tantos. Não conhecia o mundo, não tinha nem tentado ser um historiador. Não tinha feito nada, absolutamente nada de admirável.
As náuseas pioravam, tentou se levantar, um passo em falso. Susto. A água estava fria, como a manhã. Sentia o ar sumindo, mas não lutava contra. Afundava. Era até bom, reconfortante. Deixou-se levar. Os olhos embaçavam , lentamente as imagens foram se esvaindo. A vida se extinguia e ele desejava isso. Ele havia desejado isso, ardentemente, nos últimos anos. Decepção. Sentiu-se covarde. Há quanto tempo afundava?
Estranho, pareciam horas.
 Deveria tentar? Não, aquela seria só mais uma das suas inúmeras decisões ruins. Pelo menos, não estaria aqui para lembrar, não teria como se arrepender. Um sorriso amarelo. O último. Tocou o fundo. E então... paz. Calmaria. Nada mais.



domingo, fevereiro 20, 2011

If he would stop hesitating...




She heard him saying the same words more than once.
"Stop thinking, so much, in the future, life is happening now."
And it was, exactly, what she decided to do. She should change, she should stop waiting for him and his decisions. He is not acting properly and he knows it. Both needs some time. She doesn't know how much time, but she knows her own reasons. She hopes that he can understand. Their last day is closer and closer, but, maybe, he still have time to change it. She doesn't know how to act, she still doesn't have the right words. Besides, she's afraid of making a mistake. Yet, she won't be there forever. In the moment, she is deciding about her way, and if he doesn't come soon, if he doesn't show her that he's ready to anything by her side, tomorrow, he will not be part of her plans, anymore.


Ela ouviu ele dizendo as mesmas palavras mais do que uma vez.
"Pare de pensar, tanto, no futuro, a vida está acontecendo agora."
E foi, exatamente, o que decidiu fazer. Ela deveria mudar, deveria parar de esperar por ele e suas decisões. Ele não está agindo corretamente e sabe disso. Ambos precisam de algum tempo. Ela não sabe o quanto, mas conhece suas próprias razões. E espera que ele possa entender. O último dia deles está cada vez mais perto, mas, talvez, ele ainda tenha tempo para mudar isto.
Ela não sabe como agir, ainda não tem as palavras certas. Além disso, tem medo de estar cometendo um erro. No entanto, ela não estará lá para sempre. No momento, está decidindo seu caminho, e se ele não vier logo, se não mostrar a ela que está pronto para qualquer coisa ao seu lado, amanhã, ele não será parte dos seu planos, não mais.



sexta-feira, fevereiro 18, 2011

What happened? What always happens. Life!




  Algumas situações tornam-se insustentáveis depois de um tempo. E isso acontece muito com quem não aceita meios-termos. Não gosto do pouco, não é suficiente para mim. Gosto do completo.
"8 ou 80".
  Não importa o quanto eu goste de uma pessoa e, acreditar nos bons sentimentos dela, também não define tudo. O que, realmente, tem efeito sobre mim, é o que é demonstrado, não são as promessas nem as meias-verdades; mesmo porque, na maioria das vezes, o que é real fica implícito. Sorte daqueles que, diferente de mim, sabem ler nas entrelinhas, sabem ler gestos, olhares. Assim, não dão crédito a quem não merece. Detesto covardia. Gosto de bobeiras, criancices; mas, definitivamente, não aceito infantilidade, tanto quanto não gosto de indecisão. 
  Conhecer alguém especial, Tarde demais, é inútil, mas Cedo demais, é tão inútil quanto. Porque, quando acontece, sempre há aquele que não está preparado, quando não os dois. E uma hora, alguém sempre acaba cansando. "Dar murro em ponta de faca", não é para mim. Não mesmo. Eu gosto do que me faz bem. Sou egoísta, admito, penso mais em mim do que em qualquer outro. E isso não vai mudar tão cedo. O que me deixa feliz, mesmo, é que não há espaço para arrependimentos.
Arriscar é meu lema.
Pois, de que outra maneira eu poderia saberAlém disso, valeu a pena enquanto durou, sério. E o que não deu certo, paciência! É assim com qualquer um. O depois? Deixemos para mais tarde. Não tenho o dom para sofrer. E, acredito, nem você.



"And maybe, we'll find out
A way to make it back someday (8)



Marco Zero





E aquela era a hora. Não havia porque hesitar, não havia espaço para insegurança ou medo.
Então ela escolheu. E a escolha dela, fez toda a diferença.