domingo, outubro 09, 2011

Após uma breve dose de sonolenta impassibilidade

A alguns passos do precipício, alguns poucos, não poderia ser tão difícil. Afinal, não haveria nada para lhe impedir. E depois de tudo, só restava indiferença e decepção. E ela foi, suas pernas protestando, insistindo em não sair do lugar. Lentamente... um, dois, três passos e ela já estava quase lá. Enfim, as pontas dos pés já não tocavam o solo, olhou para baixo antes de respirar fundo e voltar a cabeça e os braços para o alto.
O nada estava a sua espera. Repentinamente, porém, mãos tocaram seu braço e a puxaram de volta, despertando-a do longo pesadelo. Mãos que se importavam. Não estava só. Nada tinha sido mais do que um amargo mal entendido. Foram palavras temperamentais usadas da pior maneira e nos momentos mais inoportunos. Foram gestos mal interpretados e pensamentos que não se permitiram transformar em frases. Mas lá estava, claramente, a oportunidade de reformar tudo que havia sido deformado. E poderia ser a última. Então, lágrimas de alívio e ansiedade encheram-lhe os olhos e ela podê sentir. Podê sentir novamente. E finalmente.


Um comentário:

  1. Me responde: pra que ser tão foda? Muito bom Angélica! Às vezes, nossas palavras rudes levam as pessoas à beira do precipício psicológico - que é bem mais profundo que o físico.

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